Propaganda

Um personagem fictício gerado por computador, faz assim parte de uma nova geração de influencers que asseguram a eterna juventude na moda e sem escândalos.

As marcas estão encontrando novas maneiras de envolver os consumidores e atrair novos clientes no mundo digital.

O uso de embaixadores da marca virtuais está se tornando uma realidade cada vez mais presente no mundo da influência e do marketing.

Esses avatares digitais, que agem como porta-vozes confiáveis das marcas, têm conquistado seguidores e gerado impacto nas decisões de compra dos consumidores. 

Pode parecer papo de filme, como no “De volta para o futuro”, mas embaixadores da marca virtuais já são uma realidade em diferentes lugares do mundo, inclusive, aqui no Brasil.

Uma pesquisa realizada pela Influencer Marketing Factory, apontou que 58% dos entrevistados americanos afirmaram seguir pelo menos um influenciador virtual nas redes sociais, e 35% admitiram ter comprado produtos ou serviços promovidos por eles.

Embaixadores virtuais da marca: a crescente tendência que está revolucionando o marketing.

Esses influenciadores digitais da marca estão se tornando uma tendência cada vez mais presentes no mundo do marketing.

Com sua capacidade de representar e promover produtos e serviços de maneira autêntica e controlada, esses avatares digitais estão conquistando espaço e atraindo a atenção de consumidores e empresas. 

Com o avanço da tecnologia e o crescimento do metaverso, é provável que essa tendência continue a se expandir e se tornar uma prática comum no digital.

Os embaixadores virtuais da marca representam uma nova forma de influência, oferecendo oportunidades únicas para se conectarem com o público-alvo de maneira inovadora e impactante.

Embora a ideia de influenciadores virtuais possa parecer futurista, ela não é tão nova quanto se imagina. Na Ásia, por exemplo, personagens digitais têm sido idolatrados há anos.

Um exemplo famoso é Hatsune Miku, um avatar virtual que começou como um software de sintetizador vocal e se tornou tão popular que ganhou uma versão como personagem de anime e até fez apresentações holográficas. 

Outro caso é a banda britânica Gorillaz, que utiliza avatares virtuais desde os anos 90 para suas capas de álbuns e shows ao vivo.

Uma das influenciadoras virtuais mais conhecidas é Lil Miquela, com 2,7 milhões de seguidores no Instagram atualmente.

Ela surgiu na plataforma em 2016 e desde então tem participado de desfiles de moda, sessões de fotos e lançado sua própria música. Os criadores da influencer, a empresa Brud, conseguiram um investimento de US$ 125 milhões em 2019. 

Apesar do sucesso, Lil Miquela enfrentou certa resistência inicialmente, como ilustrado por uma campanha da Calvin Klein que gerou controvérsias.

No vídeo, a supermodelo Bella Hadid beijava a influenciadora virtual, o que levou a acusações de apropriação queer e reações negativas por parte do público LGBTQIAPN+. Esse episódio destacou as limitações dos influenciadores virtuais em representar de forma autêntica grupos sub-representados.

Atualmente, marcas como Prada, Nars e Maybelline New York estão apostando em embaixadores virtuais para promover seus produtos.

A Prada, por exemplo, lançou o perfume Candy em 2011 com a atriz Léa Seydoux como o rosto da campanha. Desde 2022, a marca conta com uma musa virtual chamada Candy, que possui características hiper-realistas, como cabelo curto, sardas e olhos rosa. 

Nars também utilizou embaixadores digitais inspirados em tons de batom populares, dando a eles histórias de fundo e interações com os clientes.

Já a Maybelline New York apresentou sua primeira embaixadora virtual, chamada May, em um anúncio de TV ao lado da embaixadora global Gigi Hadid.

Influenciadores virtuais ou influenciadores reais? 

Os embaixadores virtuais são atraentes para as marcas por oferecerem controle total sobre as mensagens transmitidas, além de terem um custo menor em comparação com celebridades reais. No entanto, há preocupações éticas em relação ao uso dessas construções digitais. 

A confiança mútua é um dos pilares do marketing de influência, e a falta de autenticidade dos influenciadores virtuais pode afetar a relação com os consumidores.

Além disso, esses avatares podem criar padrões de beleza inatingíveis e distorcer a percepção da realidade dos consumidores.

Apesar das vantagens e desafios, a consultoria Gartner prevê que até 2025, em média, 30% dos orçamentos de marketing de influência e celebridades serão dedicados aos influenciadores virtuais.

Este mercado está em crescimento, especialmente na China, onde a indústria meta-humana já é avaliada em US$ 42,6 bilhões. No cenário global, estima-se que o setor atinja US$ 5,8 bilhões até 2025.

Com a geração Z valorizando cada vez mais o mundo virtual, é esperado um crescimento significativo.

No entanto, resta saber se os embaixadores virtuais substituirão totalmente seus equivalentes humanos ou se a falta de confiança dos consumidores será um obstáculo para o crescimento desse mercado.

A relação de relacionabilidade que estes têm com seu público pode ser difícil de ser replicada por avatares digitais. Além disso, as questões éticas envolvidas no uso dessas construções virtuais ainda precisam ser cuidadosamente consideradas.

Apesar de parecer uma realidade apenas internacional, no Brasil, embaixadores virtuais da marca da beleza já são um fato.

“Primeiros habitantes do metaverso”

E “os influencers virtuais são perfeitos para o papel dos primeiros habitantes do ‘metaverso'”, o futuro mundo virtual no qual os gigantes digitais, incluindo o Facebook, estão a trabalhar, disse Nick Baklanov, especialista em Marketing da Hype Auditor.
 
Os influencers virtuais são 130 em todo o mundo, mas espera-se que cresçam a um ritmo acelerado na Ásia, defendem os especialistas da indústria. E que tomem uma quota crescente de um mercado que atingirá 13,8 mil milhões de dólares (12,17 mil milhões de euros) a nível mundial em 2021, de acordo com a Statista, empresa alemã especializada em dados de mercado e consumidores.

A artista tailandesa Adisak “Beam” Jirasakkasem compõe um “mood board” para o influencer virtual, Bangkok Naughty Boo, em outubro passado em Banguecoque – AFP

“A Gen Z é o maior grupo de utilizadores da Internet na Ásia, e é uma geração de utilizadores de Internet que está muito familiarizada com as redes sociais e tudo o que é virtual”, explicou Nick Baklanov.
 
Diz-se que o influencer virtual mais rico é Lil Miquela, um robô radicado em Los Angeles, que ganha $7.000 (6175,64 euros) por correio para marcas como a Prada e Calvin Klein.
 
A Organização Mundial de Saúde tem vindo a divulgar informação sobre o coronavírus COVID-19 através da personagem fictícia Knox Frost, seguida por 700.000 pessoas no Instagram.
 
Na Tailândia, Bangkok Naughty Boo assinou com uma grande agência de modelos e Ai-Ailynn é o rosto de uma operadora de telemóveis.
 
“Para as marcas, traz oportunidades e envolvimento do público porque, na Ásia, os conceitos de ídolo e fã estão muito enraizados na cultura”, disse Saisangeeth Daswani, analista de Moda e Beleza da Stylus, agência americana de inteligência de tendências.
 
As suas reputações são também protegidas, com influencers virtuais com uma ética de trabalho consistente, sem estilos de vida obscuros, e sem escândalos potenciais com que se preocuparem.

Sucesso dos influencers virtuais na Ásia

De cabelo fluorescente e pele impecável, Bangkok Naughty Boo é um dos influencers das novas gerações na Ásia que prometem permanecer para sempre jovens, divulgando também quiçá eternamente as qualidades do vestuário ou produtos culturais aos seguidores da sua conta Instagram.

Este influencer virtual em voga foi criado num estúdio de design na capital tailandesa de Banguecoque.

Influencer virtual tailandesa Ai-Ailynn, em finais de outubro passado – SIA Bangkok/AFP

Um personagem fictício gerado por computador, a jovem estrela da Internet tailandesa faz assim parte de uma nova geração de influencers que asseguram a eterna juventude na moda e sem escândalos.
 
“Tenho eternamente 17 anos, não sou binário e sonho em tornar-me uma estrela pop”, disse Naughty Boo a partir de Banguecoque, numa apresentação de vídeo.

Com a futura chegada do “metaverso”, o poder dos influencers virtuais – extremamente populares entre os adolescentes na Ásia – irá crescer, de acordo com os especialistas da indústria.

O COVID-19, que tornou as interações da vida real mais raras, também encorajou o desenvolvimento desta tendência.
 
Ai-Ailynn, uma influencer virtual que apareceu recentemente, está “adaptada ao nosso novo normal” ligada à Covid, segundo os seus designers da agência SIA de Banguecoque, porque não está preocupada com “as limitações impostas aos humanos”.

Isesaki apresenta os embaixadores virtuais da marca

No evento do Dia do Profissional da Beleza, realizado em janeiro de 2023, a rede Ikesaki surpreendeu ao apresentar uma equipe de avatares diversificados, especialmente desenvolvidos para representar os profissionais de beleza em suas interações no mundo digital. 

Através de uma colaboração criativa entre cinco especialistas da área e a combinação de computação gráfica e tecnologia 3D, foram concebidos personagens únicos: Ian, o cabeleireiro; Kelly, a maquiadora; Edy, o barbeiro; Sara, a esteticista; e Adri, a manicure. Notavelmente, as iniciais de seus nomes formam a palavra “Ikesaki”, alinhando-se perfeitamente com a identidade da marca.

Lu, do Magalu: Uma das maiores influenciadoras virtuais do mundo é brasileira

A Lu, do Magalu, conquistou o título de maior influenciadora virtual do mundo, superando nomes como a Barbie, Nobody Sausage, Miquela, Minnie Mouse e FN Meka. 

Com uma impressionante marca de 6,3 milhões de seguidores em suas redes sociais, a influencer está quebrando barreiras no mundo digital.

De acordo com o Virtual Humans.org, um portal americano especializado no assunto, a Lu é a influenciadora virtual mais seguida globalmente.

Além disso, um estudo realizado pelo site Onbuy.com revelou que ela foi a personalidade virtual com maior potencial de gerar receita com publicidade em posts do Instagram em 2022.

A Lu, que começou como uma voz para o site de e-commerce do Magazine Luiza em 2003, evoluiu ao longo dos anos, construindo relacionamentos com seu público e se posicionando diante de temas importantes, como causas pró-mulheres, antirracismo e inclusão social.

Ela se tornou uma celebridade virtual que conversa, dança e interage, sendo definida pelo GlobeTrender.com como modelo e ativista.

A influencer é considerada a porta-voz do Magalu, utilizando sua visibilidade nas redes sociais para divulgar não apenas o ecossistema da marca, mas também para liderar conversas relevantes para a sociedade.

Um exemplo disso é seu engajamento no combate à violência contra a mulher.

Uma pesquisa realizada pela plataforma de marketing de influenciadores “Hype Auditor” constatou que a taxa de engajamento dos influenciadores virtuais é, em média, três vezes maior do que a dos influenciadores reais.

Com sua popularidade em alta, a Lu do Magalu participou de um clipe no metaverso ao lado do DJ Alok, alcançando milhões de visualizações.

A Lu também fez parcerias musicais, como o videoclipe com a cantora Anitta para a campanha “Rio, o Magalu chegou geral”. Além disso, ela se tornou a primeira personalidade brasileira não-atleta e sem vínculos de patrocínio com a Red Bull a se transformar em um personagem da marca.

Segundo Pedro Alvim, gerente sênior de redes sociais do Magalu, por trás do sucesso mundial da Lu está uma estratégia focada na criação de narrativas que geram empatia e conexão com as pessoas, além de oferecer conteúdos úteis, participar de conversas em tempo real e fazer a curadoria de produtos e ofertas. 

A influencer virtual do Magalu conquistou seu lugar no topo, demonstrando o potencial dos avatares e influenciadores virtuais como fontes de entretenimento, engajamento e impacto social. Quanto ao futuro dos embaixadores virtuais como principais influenciadores da marca, isso ainda está em aberto, mas é inegável que eles estão moldando a indústria e a forma como as marcas se conectam com os consumidores no metaverso digital.

Beauty Fair

Os embaixadores virtuais das marcas de beleza parecem ter vindo pra ficar no Brasil. A campanha que lançou a Dai, da Dailus, chegou a ser premiada pelo forte poder de conexão com o público. Além disso, no ano passado, a Beauty Fair, maior feira de beleza das Américas, também apresentou a cabeleireira Bella como protagonista do lançamento do evento.

A movimentação mostra que os avatares ainda vão ser muito mais explorados e gerar mais influência para as marcas de beleza.

Vantagens de Influencers Virtuais

“Não farão comentários politicamente incorretos nem se envolverão em escândalos sexuais”, explicou Chen May Yee, diretora local da empresa de inteligência virtual Wunderman Thompson.

Esta é uma vantagem definitiva, especialmente em alguns países onde as figuras públicas podem ser facilmente visadas pelas autoridades.
 
“A recente repressão do governo chinês contra os influencers ricos como ‘vulgares’ e ‘imorais’ é suscetível de aumentar ainda mais o apelo do virtual”, disse Chen May Yee.
 
Ai-Ailynn está a atrair um enorme interesse das empresas asiáticas à procura de “inovação e de uma nova ordem mundial” após a pandemia, disse a sua criadora SIA Bangkok.
 
Mas “as pessoas ainda anseiam por autenticidade, a realidade de um influencer da vida real”, disse a atriz e modelo Mutchima Wachirakomain, de 25 anos, que conta com dezenas de milhares de seguidores no Instagram.
 
No entanto, o objetivo de Bangkok Naughty Boo é criar e manter uma relação íntima com o seu público.
 
Os seus posts no Instagram, que usam o pronome não binário iel, misturam poses de modelo numa típica rua tailandesa com situações quotidianas, tais como obter uma vacinação ou entornar sem querer o chá.
 
“Espero um dia encontrá-los a todos pessoalmente. Eu amo-vos a todos”, disse Wachirakomain à AFP, antes de lançar um beijo à câmara.

Siga o Dica App do Dia em nossas redes sociais e também nos agregadores de notícias Flipboard e Google Notícias.

Deixe uma resposta