A empresa de pesquisa Suite48 Analytics divulgou um estudo feito, no ano passado, com 881 fotógrafos profissionais da Europa e dos Estados Unidos sobre o uso de câmeras de smartphones em trabalhos remunerados. O resultado revela tendências importantes para o setor de fotografia. Primeiro, apenas 13% dos fotógrafos profissionais responderam que fotografam mais de 50% de seus trabalhos usando um smartphone, e 64% dos entrevistados disseram que nunca usam celulares para fotografar trabalhos pagos.
Vem daí que o mercado de câmeras dedicadas profissionais não enfrenta grandes ameaças com os últimos avanços tecnológicos dos smartphones. Segundo previsão da Market Research Future, o mercado global de câmeras autônomas digitais deve faturar $ 5,1 bilhões de dólares esse ano, crescendo 7,1% (CAGR) entre 2016 a 2022.
Por outro lado, 58% dos entrevistados pela Suite48 Analytics afirmaram usar seus smartphones como suporte em trabalhos cotidianos, seja criando conteúdo para as redes sociais ou capturando imagem de bastidores.
O fotojornalista Diego Redel, reconhecido internacionalmente por suas coberturas em eventos de ballet, afirma usar o smartphone para registrar cenas de backstage, porém, opta por câmeras profissionais como as Dlsr ou Mirrorless para capturar com precisão os movimentos da dança nos palcos. “Isso se aplica também a outros eventos de ação como jogos de futebol e corridas de carro”, diz Redel. “O celular é prático para fazer coberturas que requerem rapidez no envio de imagens para sites ou redes sociais”, diz. Prestes a lançar um livro de fotografias dos teatros de ópera mais importantes do mundo, Redel conta que o celular ajudou no processo de inspeção das locações, mas foi da câmera profissional Sony Alpha a7 III que ele extraiu o produto final.
Segundo o site de pesquisa Statista, nos últimos anos, as câmeras dos smartphones democratizaram a fotografia de uma maneira que nem mesmo o advento das câmeras digitais mais baratas, no início do século 21, conseguiu. “Graças aos avanços no hardware e, talvez mais importante, no aprimoramento de imagem com inteligência artificial, centenas de milhões de usuários de smartphones agora podem tirar fotos de nível profissional sem precisar investir em equipamentos fotográficos dedicados.”
Se de um lado, mais usuários conseguem obter qualidade de nível profissional usando um celular, por outro, especialistas do setor não acreditam que as câmeras dedicadas irão desaparecer do mercado tão cedo. Isso porque os celulares não têm tecnologia que supere os equipamentos com um campo de visão estreito, como as teleobjetivas. “Ainda não é possível acoplar algo tão complexo e pesado em um corpo pequeno de smartphone”, conclui Redel.