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O autismo é um transtorno no desenvolvimento neurológico da criança que gera alterações na comunicação, dificuldade na interação social e mudanças no comportamento. Considerado de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) como um transtorno pervasivo, ou seja, que afeta vários domínios, e sem cura, apesar de as medidas de intervenção precoce muitas vezes melhorarem o prognóstico e amenizarem os sintomas.

Segundo o Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), órgão do governo americano, a prevalência do transtorno do espectro autista (TEA), nos Estados Unidos, é de um caso para 54 pessoas. O Brasil ainda não tem um estudo oficial – seguindo as premissas do CDC, mas estima-se que há cerca de 2 milhões de autistas. Uma condição que afeta a maneira como as células nervosas se conectam e se organizam, acarretando alterações no processamento das informações no cérebro. Pode estar presente em todos os grupos raciais, étnicos e socioeconômicos. A SBP enfatiza que o TEA gera impacto econômico para a família e para o país e que o diagnóstico precoce contribui para melhor qualidade de vida.

No Brasil, o primeiro diagnóstico ocorre em média próximo aos seis anos. No entanto, ainda há muitos diagnósticos tardios, havendo relatos após os 18 anos. A psiquiatra da Vibe Saúde, Sônia Maria Martins, conta que já é possível perceber o autismo a partir dos seis meses de vida. “Após os 18 meses, os traços de autismo tornam-se mais evidentes. O pediatra deve investigar qualquer atraso de linguagem verbal ou não verbal, contato social e interesse deficitários, comportamentos repetitivos proeminentes e estereotipias. Os pais podem desconfiar do autismo quando os bebês não buscam o olhar da mãe ao serem amamentados, não respondem a brincadeiras de outras pessoas ou às gracinhas típicas da idade (por exemplo, mandar beijinhos ou tchauzinho). Além disso, a falta de demonstração da diferença entre o colo dos pais e ou de desconhecidos, crianças que não reconhecem seu nome quando são chamadas e a demora em pronunciar as primeiras palavras, são características típicas de TEA”.

A neuropsicóloga da Vibe Saúde, Milena Fernandes Mata, comenta sobre outros sintomas aparentes nas crianças. “Ela tem dificuldades de iniciar conversas, de interagir socialmente, de lidar com os imprevistos do dia a dia, de reconhecer as suas emoções e as dos outros; baixo contato visual; interesses restritos em certos assuntos e atividades; hipersensibilidade a sons, cheiros e/ou toques; dificuldade. Nos casos mais graves, as pessoas com autismo podem não falar e ter suas áreas cognitivas e motoras afetadas”.

Dra. Sônia destaca que alguns comportamentos também podem ser notados em crianças com autismo, como extrema atenção ou interesse por um determinado objeto, realização de movimentos corporais repetitivos, alinhamento ou organização de brinquedos. O diagnóstico do TEA ainda é essencialmente clínico.

“Como o autismo se manifesta de maneira variada, os desafios serão vividos dentro da especificidade de cada caso. Por isso, a importância de um trabalho psicoeducativo e terapêutico continuado com a pessoa dentro do espectro, com a família (cônjuges, irmãos e possíveis cuidadores), que contribuem para a autonomia nas atividades diárias. Conversas com professores e coordenadores de escola ou faculdade, assim como lideranças de trabalho podem ser um manejo fundamental”, diz a neuropsicóloga.