Já estava na hora dos clientes deixarem de ser reféns de altas tarifas e taxas de juros.
Com acesso facilitado à internet e a mudança no hábito do consumidor provocado pelo distanciamento social, as instituições financeiras estão percebendo a necessidade de se reinventar tecnologicamente
Com o fechamento de agências bancárias e o medo de contágio, mais pessoas passaram a aderir ao mundo digital. Outro impulso veio do auxílio emergencial e da facilidade de saque do recurso nos bancos digitais.
A população adquiriu novos hábitos durante o isolamento social e acelerou a utilização dos serviços on-line. Um levantamento do UBS Evidence Lab mostra que, em 2020, pela primeira vez a parcela de downloads de aplicativos de bancos digitais (52%) ultrapassou a de instituições tradicionais (48%).
De acordo com pesquisa realizada pelo Ipec, instituto criado por ex-executivos do Ibope Inteligência, aponta que 36% dos brasileiros disseram ter aberto conta em banco digital. A pesquisa também revelou que 57% dos brasileiros com internet já têm conta digital.
“A verdade é que a pandemia trouxe um novo público para os bancos digitais.
As medidas de isolamento fizeram com que as pessoas, antes avessas aos sistemas on-line, passassem a aderir e confiar nos bancos pela internet”, relata Mayanna Lyra, que é especialista e CEO do Banco IcaBank.
Segundo o Nubank, mais de 30 mil pessoas acima de 60 anos abriram contas a cada mês desde o início do isolamento social. Entre abril e junho, o volume de novos clientes nessa faixa foi 50% maior do que no mesmo período do ano passado.
A especialista em banco digital Mayanna afirma que a pandemia fez o brasileiro conhecer melhor os serviços bancários digitais.
“A maioria estava acostumada a ter que ir até uma agência para fazer saque, transferência ou qualquer outra movimentação na conta. Durante a crise sanitária isso ficou mais difícil e muitos foram obrigados a aprender rapidamente a lidar com a modalidade on-line. A parcela mais jovem já usufruía do modelo frequentemente, enquanto que mesmo com o crescimento os mais idosos ainda possuem resistência”.
E com muitas atividades sendo afetadas, o mercado financeiro não ficou de fora dessas mudanças.
Nos últimos anos, a digitalização e o maior acesso à internet via smartphones transformou-se em oportunidade para os bancos digitais e as fintechs, que estão ganhando força e possibilitando uma verdadeira transformação do setor: só entre 2017 e 2018, o número de bancos digitais no país cresceu 147%, segundo dados divulgados no relatório “A revolução dos bancos digitais 2020”, do BTG Pactual.
“A competitividade entre bancos tradicionais e digitais está trazendo diversos benefícios aos correntistas, lembra Mayanna. Ela avisa, também, que as instituições financeiras, com o intuito de atrair e fidelizar clientes, estão oferecendo contas e cartões de crédito com taxas reduzidas, isenção nas tarifas, atendimento 24 horas e cashback (dinheiro de volta) em compras. Por exemplo: Uber, Airbnb e IcaBank, táticas já muito utilizadas por diversos bancos ao redor do mundo”, alega a especialista Mayanna, que conta com mais de 8 anos de experiência em grandes instituições financeiras.
Neste contexto, as novas instituições financeiras se destacam pela facilidade no processo de abertura de contas, maior escalabilidade e, principalmente, por suprir necessidades até então negligenciadas pelos bancos tradicionais.
E, ao que parece, as novidades estão conquistando o público.
“Isso representa um grande avanço econômico para o país.
Já estava na hora dos clientes deixarem de ser reféns de altas tarifas e taxas de juros.
Agora quem dita as regras são os consumidores e os bancos vão ter que se adaptar às suas preferências se não quiserem ficar para trás.
Afinal, o mundo está mudando e o mercado brasileiro precisa mudar junto com ele”, finaliza a empresária Mayanna Lyra, que também é especialista em cartões de benefício.