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Agregar valor a um negócio, ao conectar empresas, e seus produtos ou serviços, aos seus clientes, é a premissa da transformação digital corporativa. Essa mudança cultural no mundo dos negócios tem se mostrado cada vez mais necessária na adaptação aos novos padrões de consumo e de vida, sendo fator crucial para a sobrevivência organizacional de uma empresa.

Entre as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) brasileiras, que hoje respondem por 30% do PIB e por mais de 50% dos postos de trabalho criados no país, essa é uma realidade já presente em 66% dos negócios. De acordo com o “Mapa de Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras”, da Fundação Getulio Vargas (FGV) em conjunto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), embora esse percentual se encontre em estágio inicial de maturidade digital, as expectativas são animadoras.

Os dados apontam que 68% dos empresários estão dispostos a participar de um programa de aceleração da maturidade digital que os ajude no caminho da transformação digital. Outras 18% das empresas ainda estão em fase analógica e, 48%, são emergentes.

Só no primeiro trimestre deste ano, 40% das MPEs atuantes na indústria afirmaram ter investido na digitalização de seus negócios. No setor de serviços, esse percentual foi de 49% e, no comércio, o avanço foi de 52%.  Os números também são da FGV e da ABDI, que, juntas, realizaram a “Sondagem sobre Transformação Digital nas empresas brasileiras”, com objetivo de monitorar, a cada três meses, a jornada dos negócios nesse setor rumo à economia digital.

Para o especialista na área de logística, Diego Filipe Araújo Souza, a mudança na mentalidade dos empreendedores vem carregada de alguns desafios. E o principal deles está relacionado à cultura organizacional. “No Brasil, a área logística ainda usa muitos processos manuais. E muito disso se deve ao encarreiramento dos profissionais que geralmente tem o seu desenvolvimento dentro de centros de distribuições. O nível de instrução, em geral, é baixo e muitos estão em seu primeiro emprego. Esses fatores tornam a logística mais robusta e menos tecnológica”, disse o profissional.

A ideia de que a área logística é geradora de despesa, e não de receita, também é outro equívoco transmitido dentro das empresas que dificulta o processo de modernização. O especialista, com dez anos de experiência na área, elencou quatro pilares que ele considera essenciais para transformar a logística em um setor que agregue valor ao negócio, a partir das transformações tecnológicas, sem um grande aumento de custo para uma MPE.

Entre eles, a base line, que é o entendimento das dores operacionais, ou seja, dos problemas latentes ou previsíveis, com a criação de um ponto de partida para saber o que priorizar. O outro pilar é relativo ao desenvolvimento humano e a busca por profissionais capacitados a conduzir essa transformação tecnológica dentro da MPE. O terceiro conceito é baseado na necessidade ferramental, onde o ponto crucial está no entendimento do tamanho das dores e da capacidade em agregar valor substancial na logística de forma separada, com o know how dos seus fundadores aliado a experiências de implementações em diversos clientes.  Por fim, o timming foi definido por Souza como fundamental para evitar otimizações prematuras.

“Para MPEs que queiram criar essa revolução tecnológica em sua logística, seguir essas premissas será um ótimo começo. O próximo passo é o entendimento e a procura por pequenas soluções tecnológicas, em vez de buscar um grande sistema construído em monoblocos, também chamados de monolíticos.  Uma solução é a busca por micro serviços, como é feito nas grandes corporações que já passaram por uma revolução. São pequenas soluções que trazem consigo o conceito de Software como serviço”, esclareceu.

Falta de recursos não pode ser entrave

O desconhecimento dos empresários sobre a existência de ferramentas digitais com investimento financeiro acessível também se torna um entrave para contribuir para o aperfeiçoamento das operações logísticas e para a criação de novos modelos de negócio, com consequente aumento na geração de receitas. A pesquisa da FGV revela que quase 40% dos entrevistados acreditam ser a falta de recursos para investir a maior dificuldade para adesão à transformação digital.

“Há sistemas de inventário rotativo e cíclicos, com diversas tecnologias embarcadas como drones para escaneamento de RFID (Identificação por Rádio Frequência) que otimizam mão de obra, aumentam a acuracidade e geram ganhos de produtividade na operação e que hoje são acessíveis às operações logísticas. Alguns sistemas, inclusive, chegam a custar menos de R$ 1 mil por mês.  Isso quebra uma falácia da transformação tecnológica de que digitalizar uma empresa é caro. Estudos falam que a cada 1% investido em tecnologia, o lucro das empresas aumenta em 7% depois de dois anos”, reforça Diego Souza.