Para garantir competitividade, a indústria nacional vem investindo nas tendências globais da chamada Indústria 4.0. Prova disso é a busca por profissionais cada vez mais qualificados para atender à fase de transformação pela qual o setor passa, que é pautada na redução de custos e no aumento da eficiência atrelado às tecnologias. Segundo dados do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, vinculados ao Observatório Nacional da Indústria, até 2025 o país precisará qualificar 9,6 milhões de trabalhadores atuantes no setor industrial para atender a demanda. Destes, dois milhões serão para substituir aposentadorias e para atender novas vagas de mercado.
A expectativa, aponta o estudo, é de quase 500 mil novas vagas formais em ocupações industriais em quatro anos. Até 2027, a estimativa do estudo Projeto Indústria 2027, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é de que ao menos 21,8% das indústrias brasileiras estejam com o processo produtivo totalmente digitalizado nos próximos dez anos, ou seja, seguindo os padrões da nova revolução industrial. Em 2017, quando a pesquisa foi realizada, apenas 1,6% do empresariado afirmou já atuar nessas condições.
O supervisor de produção Lanusse Alexandre Oliveira Menezes confirma a necessidade de constante atualização no currículo, com destaque para habilidades com novas tecnologias, para atuar em áreas da indústria como metalurgia, siderurgia e da mineração.
“A profissão lhe expõe a riscos frequentes e atividades perigosas, podendo haver uma maior incidência de problemas de segurança. Por isso, é necessária a aplicação de exigências mais complexas no desempenhar das atividades profissionais, sem colocar a saúde e integridade em risco. Além de ser altamente técnico com exigências requeridas nas Normas Regulamentadoras [NR’s], o profissional desse ramo precisa ser qualificado na área tecnológica, pois a todo momento novos equipamentos e ferramentas digitais são implementadas com intuito de reduzir a sua exposição diante das atividades mais perigosas”, diz.
Segundo Menezes, dinamismo, proatividade e uma boa comunicação são outras habilidades, além da qualificação técnica, demandadas de profissionais que querem trabalhar na indústria precisam desenvolver. “A inter-relação dos processos produtivos, relacionamento com cliente interno exige uma comunicação assertiva, junto com ações rápidas e decididas, principalmente em situações inesperadas, analisando os fatos e riscos, evitando a transferências de instabilidades para processos seguintes”, explica o profissional, que tem 27 anos de experiência na indústria, na área de metalurgia.
Grau de confiança do empresário da indústria cresce no mês de junho
Somado aos investimentos a longo prazo, o setor industrial segue confiante em tempos pós-pandemia. O grau de confiança dos empresários no mês de junho, por exemplo, atingiu o maior índice desde setembro de 2021. A expectativa foi mensurada na pesquisa intitulada “Sondagem Industrial”, divulgada neste mês, que também atestou o otimismo do empresariado com o aumento da compra de matérias-primas e da mão-de-obra, em comparação ao mês anterior.
De acordo com Lanusse Alexandre Menezes, a melhoria da atividade industrial e a demanda por profissionais qualificados é a oportunidade para garantir um espaço no mercado de trabalho. “Capacidade analítica e persistência na busca de soluções e no tratamento de não-conformidades é um diferencial também. É preciso ainda saber lidar com ambiguidades em situações complexas e, às vezes, instáveis”, ressalta.
Ele enfatiza ainda que outra qualidade para o profissional dessa área é ser flexível para atuar em diferentes horários, pois, na maioria dos casos, os processos são contínuos e só devem parar nas manutenções programadas das unidades de produção.
“Todas essas habilidades e qualidades se canalizam para uma atuação na operação de equipamentos na linha de produção, na maioria das vezes, contínuas e ininterruptas, o qual o profissional é responsável pelo nível de produtividade das linhas e qualidade dos produtos entregues por meio do monitoramento de planilhas, gráficos e mapas de produção”, conclui.