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Ao desejar adquirir um veículo, o consumidor pesquisa, analisa, até decidir modelo, ano, tipo e custo. Para concretizar seu objetivo, pensa nas diversas alternativas financeiras, sejam de pagamento à vista, financiamento ou adesão a um consórcio.

Para Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), “a modalidade vem registrando crescimento constante apoiado na evolução comportamental dos consumidores que, ao planejar suas finanças pessoais, têm no consórcio um excelente aliado. Incluir a disciplina ao orçamento familiar, não realizar compras por impulso, quitar compromissos com pontualidade, entre outros, são atitudes fundamentais para a saúde financeira.”

Os objetivos, obtidos através dos consórcios, consideram prazos médios ou longos, embora possam ser realizados em curtos períodos, por sorteios mensais ou ofertas de lances.

Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC, diz que “o consorciado tem a consciência de que, ao adquirir uma cota, está formando uma poupança para a realização de seu sonho na contemplação.”

A opção de possuir o bem imediatamente por meio da compra à vista ou financiada, está sujeita a variáveis que influenciam na tomada de decisão. Fatores como renda e preço do produto são fundamentais para seguir adiante ou adiar temporariamente o objetivo.

“Na ciência econômica, a sensibilidade do consumidor a essas variáveis é analisada pelo cálculo da elasticidade da demanda, que nada mais é do que a alteração percentual em uma variável devido à variação de outra”, explica Barbagallo.

Produtos podem ter demanda elástica ou inelástica. O que é essencial, e não dá para ser trocado, tem demanda inelástica. Combustíveis ou alimentos básicos exemplificam o que não pode ser substituído, mesmo quando os custos estão elevados. Eventuais oscilações nos preços ou na renda do consumidor alterarão pouco a demanda.

Por outro lado, os chamados não essenciais, cuja demanda é considerada elástica, são mais sensíveis às variações de valores ou à renda do consumidor. Como referência, se a demanda de um produto sofre oscilação de 50% devido à alteração de seu preço em 30%, o cálculo da elasticidade será 1,67. O resultado maior do que 1 indica que o produto tem demanda elástica, ou seja, é muito sensível às variações no preço. “Os automóveis são bons exemplos de bens cuja demanda é elástica”, explica Barbagallo.

Ao analisar os volumes de comercialização de veículos leves, onde os automóveis estão inseridos, nota-se que, nos últimos quinze anos, de 2007 a 2021, houve períodos de crescimento e queda nas vendas. Verifica-se, por exemplo, que seu pico maior foi em 2013, com 2,88 milhões de unidades vendidas, e em 2021, queda para 1,30 milhão, segundo a Anfavea Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Várias foram as causas, neste período, para que a demanda sofresse oscilações, mas, sem dúvida, preços e renda do consumidor foram fundamentais para a tomada de decisão, reafirmando que a demanda se reduz à medida que o consumidor não está disposto a gastar mais para comprar um produto que não é essencial, ou seja, o veículo é um produto cuja demanda é elástica.

Na adesão ao Sistema de Consórcios não ocorre o fenômeno da elasticidade, pois a decisão de consumo não é imediata, a compra da cota sim. O que se adquire é a participação em um autofinanciamento. Se porventura, no momento da compra da cota, os preços dos automóveis estiverem muito altos, isso não influenciará o consumidor que aderir ao grupo.

Ao analisar no mesmo período, a venda de novas cotas, verifica-se aumento constante. Das iniciais 301,18 mil contabilizadas em 2007, o total chegou a 1,45 milhão em 2021. Não houve queda neste período, exceto em 2014, quando se verificou pequena redução nas vendas em relação aos anos anteriores. Isso demonstra que fatores como o preço do bem ou a renda do consumidor, que impactam na demanda de veículos, tiveram pouca influência na procura por cotas de consórcio.

Destaque-se que ao longo do período de duração do grupo de consórcio, os preços dos carros poderão até ficar relativamente mais baixos e compatíveis com sua renda, que, no sentido inverso, poderá aumentar.

“Ao ser contemplado, e com poder de compra à vista, o consumidor poderá tomar a decisão que seja mais compatível com o que pretende”, esclarece Barbagallo. “Poderá inclusive adquirir um automóvel de menor valor e utilizar a diferença para despesas previstas pela modalidade, ou até mesmo quitar parcelas vincendas, por exemplo”, complementa.

Para concluir, o economista da ABAC, considerando as oscilações vivenciadas na economia brasileira, aponta que “adquirir cotas de consórcio é uma decisão que elimina os impactos da compra imediata. Trata-se de produto que facilita, de modo inteligente, o planejamento dos consumidores”.