Eleita a melhor dieta no ranking elaborado pelo US News & World Report, conglomerado de mídia dos EUA que faz este estudo há mais de 30 anos, a dieta Mediterrânea foi tema do webinar “Sustentabilidade Agroalimentar e Dieta Mediterrânea”, organizado pela Câmara de Comércio Italiana de São Paulo – Italcam. O evento faz parte do projeto True Italian Taste, promovido e financiado pelo Ministero degli Affari Esteri e della Cooperazione Internazionale e realizado pela Assocamerestero (Associação das Câmaras de Comércio Italianas no Exterior) para promover e salvaguardar o valor da autenticidade dos produtos italianos no mundo.
Participaram do webinar Gerardo Landulfo, delegado da Accademia Italiana della Cucina em São Paulo e diretor executivo da Italcam, e Claudio Rocchi, chef e sócio do restaurante Osteria Palmira, sediado na cidade de Roma.
“A dieta Mediterrânea tem séculos de história, pois se baseia nos hábitos alimentares dos povos que vivem nos países banhados pelo mar mediterrâneo”, lembrou Landulfo. Ainda segundo o executivo, “é reconhecida como dieta mais sustentável por ser saudável no sentido nutricional, economicamente acessível e com baixo impacto ambiental atendendo as necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações”.
Rocchi também ressaltou que a dieta representa uma culinária simples, baseada em plantas, com a maior parte de cada refeição destinada a frutas e vegetais, grãos integrais, leguminosas e sementes, castanhas e grande ênfase em azeite de oliva. Segundo o chef, “essa diversidade de alimentos deve-se ao patrimônio agrícola da Itália que é uma linha de mil quilômetros de mar mediterrâneo. Estudos demonstraram que a dieta tem um impacto ambiental baixo por usar pouca gordura animal. O uso é quase exclusivo de matéria-prima natural, respeitando a sazonalidade anual”.
Dieta sustentável
De acordo com Landulfo, não existe uma única dieta, mas um número de variações adaptadas à cultura dos vários países. Desta forma, o termo “Dieta Mediterrânica” implica a existência de algumas características comuns nos países do Mediterrâneo como uma dieta sustentada maioritariamente por alimentos de origem vegetal, caracterizando-se pelo elevado consumo, em quantidade e frequência, de frutas e vegetais, cereais (preferencialmente integrais), leguminosas e frutos oleaginosos, azeite, quantidades moderadas de peixe, ovos e laticínios, pequenas quantidades de carne e vinho tinto com moderação.
Além disso, respeita a sazonalidade dos produtos, a biodiversidade, o uso dos recursos e utilização de produtos tradicionais e locais. Mas, como destaca Rocchi, também preza pela convivência às refeições, assim como a atividade física pós refeição e descanso adequado.
“Em comparação com a dieta ocidental, que se caracteriza pelo elevado consumo de carne, gordura saturada e açúcar, a dieta mediterrânica apresenta um baixo impacto ambiental, é mais saudável e sustentável social e culturalmente”, afirma o diretor executivo da Italcam.
Impacto na saúde
Em 16 de novembro de 2010, a dieta Mediterrânea foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO como patrimônio Cultural Imaterial da Itália, lembra Landulfo. “Inclusive com a prática sustentável, ela foi reconhecida como sendo capaz de melhorar o futuro do planeta. Os fatos demonstram que a dieta é uma das responsáveis pela longevidade italiana. A expectativa de vida no país é de 83 anos com qualidade até os 75 anos”.