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Desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2022 foi alarmante

O aumento dos impactos provocados no ambiente natural pelo desenvolvimento humano estabeleceu forte domínio sobre a natureza. Este crescimento se mostrou ecologicamente predatório e socialmente cruel, e o esgotamento deste modelo é o que caracteriza a atual sociedade global.

Ao acompanhar o ciclo da água do rio Amazonas para o oceano Atlântico, sua evaporação e a chuva, os cientistas descobriram que houve redução de precipitações de água de moléculas pesadas desde os anos 1970. O cientista Henderson-Sellers afirmou que a única explicação possível para o declínio é que a água de molécula pesada não está mais voltando para a atmosfera em forma de chuva porque há menos vegetação, assinalando uma relação entre o desmatamento e a chuva.

“Manter uma árvore viva significa preservar uma fonte de riqueza que será usada por gerações, ampliar o valor do patrimônio genético e contribuir para desacelerar o aquecimento global”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).

As árvores têm um papel importante na movimentação das moléculas pesadas de água. Esta é a primeira demonstração de que o desmatamento tem um efeito digno de ser observado na quantidade de chuva. O rio Amazonas é responsável por um quinto do volume total de água que entra nos oceanos do mundo.

A Amazônia teve 3.988 km2 desmatados nos seis primeiros meses de 2022, de acordo com o sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O valor é o maior já registrado para esse período desde o início da série histórica em 2016, praticamente o triplo do valor registrado em 2017 (1.332 km2).

A água é um dom da natureza. Ela existe nos três estados: líquido, sólido e gasoso, dependendo da temperatura ambiente. Sua abundância no nosso planeta contrasta com o fato que menos de 3% de toda água é doce; o resto (97%) é água salgada, imprópria ao consumo. Pior ainda, menos de 1% desta água é disponível para utilização, pois a maioria da água doce encontra-se nas geleiras nos dois polos ou nos subsolos muito profundos.

“Estima-se que, em 100 litros de água neste planeta, apenas o equivalente a uma colher de chá é potável. Tudo isto mostra a escassez da água potável, e encarece o acesso à água pelo homem”, relata Vininha F. Carvalho.

A escassez da água é hoje um fenômeno mundial, e se nenhuma providência é tomada estima-se que em 2050, a metade da população mundial não terá acesso à água. A falta de água está se agravando cada vez mais por inúmeras razões: desmatamento, impermeabilização do solo, resultado do asfaltamento e da edificação, impede a infiltração da água da chuva e, consequentemente, prejudica o processo da recarga dos lençóis freáticos. Também, recentes pesquisas mostraram que as mudanças climáticas irão agravar de 20% a falta d’água no planeta.

Para Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil, o desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2022 foi alarmante e coloca o bioma cada vez mais perto do ponto a partir do qual a floresta não conseguirá mais se sustentar, nem prover os serviços ambientais dos quais nosso país depende. “Perdemos 3.988 Km² na Amazônia Legal em apenas seis meses, confirmando a tendência de intensificação do desmate dos últimos três anos. Quando perdemos floresta, colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, está destruindo nosso futuro.”

“O governo precisa adotar metas e mobilizar a sociedade. É preciso fazer estudos aprofundados das bacias hidrográficas e fluxo das águas. Esses estudos devem ser levados em consideração no planejamento das ações em prol da preservação ambiental, pois não podemos continuar a desafiar a natureza”, finaliza Vininha F. Carvalho.

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