Propaganda

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou neste mês de março a taxa Selic de 10,75% ao ano para 11,75% ao ano, alcançando o maior nível desde Abril de 2017, quando estava em 12,25%.

A taxa Selic é o grande instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Dessa forma, a autoridade monetária passou a elevar a taxa de juros para conter o aumento de preços nos últimos meses. Em nota enviada a clientes, economistas do JPMorgan acreditam que a Selic deve chegar até 13,25% em Junho, alcançando seu maior nível desde dezembro de 2016.

Como pequenas e médias empresas são mais impactadas

Ao elevar a taxa básica de juros, os juros de crédito e parcelamento automaticamente também aumentam. Considerando dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) de que o cartão de crédito se consolidou como o principal meio de pagamento dos brasileiros movimentando R$ 1,6 Trilhão em 2021, as PMEs começam a sentir o impacto da elevação de taxas no seu fluxo de caixa.

Em menos de 4 meses, essas empresas estão vendo as taxas para venda no crédito praticamente dobrarem, principalmente no parcelado. “O que impacta não é só o aumento das taxas, e sim a rapidez. Alguns meios de pagamento que trabalhavam em novembro com um cenário de 8% em 12x chegaram em Fevereiro a 13%, com previsão de em poucas semanas chegar a 16%”, diz Pedro Xavier, sócio do Noknokpay.

Para Pedro, o impacto nas PMEs acaba sendo maior pois trabalham com um fluxo de caixa mais apertado e com menos acesso a capital de giro. “Cada R$ 1 de taxa faz diferença”, diz.

O que as PMEs podem fazer?

Com um cenário de aumento repentino da taxa básica de juros e com possibilidade de alcançar patamares ainda maiores, o primeiro passo é entender se as taxas cobradas são justas.

“É muito importante saber se as taxas praticadas estão pelo menos no mesmo nível do mercado e não são abusivas. Além disso, dar preferência a meios de pagamento com recebimento na hora, pois o valor das suas vendas estarão sempre à sua disposição e não irá travar ainda mais o seu fluxo de caixa”, afirma Pedro.

Uma outra alternativa para diminuir o impacto é diversificar a possibilidade de pagamentos atrelando a descontos. Diego Bortoli, proprietário de uma loja de informática, decidiu começar a trabalhar também com carnês para atender clientes que parcelavam em 18x sem juros. “Tivemos que reajustar os preços, porém criamos novas ofertas e começamos a trabalhar com outras possibilidades de pagamento, como carnês”.

Em 2021, segundo o Ministério da Economia, o Brasil bateu recorde em abertura de empresas com quase 4 milhões de novos negócios. Se adaptar rapidamente com organização e criatividade em um cenário de juros altos é apenas um dos diversos desafios que é empreender no país.