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Busca por condições de trabalho mais promissoras, dificuldade de se recolocar no mercado formal ou necessidade de complementar o orçamento com uma renda adicional são alguns dos motivos que levam as pessoas a ingressar no empreendedorismo. Esse movimento tem aumentado, principalmente pelo público feminino. O Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras no mundo, segundo dados do GEM (Global Entrepreneurship Monitor 2020), principal pesquisa global sobre empreendedorismo. Dos 52 milhões de empreendedores, 30 milhões são mulheres, o que corresponde a 57%. Com relação às MEIs (Microempreendedoras individuais), as mulheres representam 48%, com preferência por categorias como beleza, moda e alimentação.

Os números mostram como o empreendedorismo feminino vem gerando uma mudança de comportamento no mercado de trabalho. O aumento de registros de novos MEIs, por exemplo, mostra que as mulheres podem estar perdendo oportunidades formais e passando a empreender por uma questão de sobrevivência, já que podem encontrar dificuldade de se recolocar, além de ter que alinhar o trabalho aos cuidados com a casa e filhos.

Para Claudia Vieira Levinsohn, mestre e especialista em educação, a questão do empreendedorismo por necessidade é preocupante porque mostra que as mulheres donas de negócios também são provedoras dos seus lares e muitas não têm escolhas de priorizar a carreira, por exemplo. “Como chefes de suas famílias, as mulheres precisam de renda para ter a capacidade de alimentar e oferecer qualidade de vida aos filhos. Com a pandemia, esse quadro piorou porque muitas perderam postos formais e tiveram que buscar caminhos de continuarem profissionalmente ativas unindo a sua tripla jornada”, afirma ela.

As pesquisas mostram que as mulheres iniciam negócios que de alguma forma estejam ligados aos impactos sociais. “Por ser mãe e provedora, elas preferem investir em segmentos que estejam relacionados ao seu momento de vida atual, que colaborem com a rotina de outras mulheres, além de ter flexibilidade. Embora muitas vezes o empreendedorismo seja uma novidade para a mulher, pode significar também uma oportunidade de mudança e de conquista da tão sonhada independência financeira”, completa Claudia Levinsohn.

Algumas ONGs dão suporte às mulheres que se iniciam no empreendedorismo. Um exemplo é o Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), criada pela publicitária Ana Fontes, que reúne mais de 750 mil mulheres atualmente. A organização sem fins lucrativos apoia e respalda projetos, bem como iniciativas que empoderem as mulheres empreendedoras, colaborando, assim, com sua independência financeira e de decisão pessoal.

Existem também no mercado instituições financeiras criadas especialmente para atender as empreendedoras, como o programa Banco da Mulher Paranaense, que já conta com mais de 10 mil mulheres beneficiadas com créditos liberados por meio de linhas da Fomento Paraná para apoiar e estimular o empreendedorismo feminino. O programa oferece taxa de juros diferenciada para incentivar empreendimentos que tenham mulheres como sócias ou proprietárias, em qualquer setor da atividade econômica.

Programas que oferecem capacitação, mentoria, acompanhamento do negócio e até doação de recursos financeiros são fundamentais para que as mulheres comecem a empreender e ganhem crescimento pessoal e profissional. “O trabalho desenvolvido pelas instituições abre caminho para novas oportunidades e um recomeço. Mas não podemos esquecer da importância do desenvolvimento de políticas públicas voltadas para esse público, que podem repercutir diretamente em menos pobreza, mais crescimento econômico e redução da desigualdade”, conclui Cláudia.