Propaganda

Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde para colher informações sobre fatores de risco da população identificou que o quadro de diabetes é preocupante no Brasil. De acordo com indicativos da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito Telefônico) 2021, 9,14% dos brasileiros com mais de 18 anos convivem com a doença. Em 2020, o percentual era de 8,2%, o que corresponde a um aumento de 11,47%. Com isso, o número de diabéticos no país já passa de 15 milhões.

O número de pessoas com diabetes no Brasil vem crescendo a cada ano. Em 2006, a porcentagem de diabéticos era de cerca de 5,5% da população, aponta a médica endocrinologista Dra. Lilian Kanda, mestre em diabetes e diabetes gestacional pela EPM/Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo). A Dra. Lilian participa anualmente de congressos da ADA (American Diabetes Association, na sigla em inglês – Associação Americana de Diabetes, em português) e também da Endocrine Society.

Segundo dados de 2021 da IDF (The International Diabetes Federation, na sigla em inglês – Federação Internacional de Diabetes, em português), o Brasil é o sexto no mundo em número de diabéticos com idade entre 20 e 79 anos, atrás da China, Índia, Paquistão, Estados Unidos e Indonésia, reporta a Dra. Lilian Kanda. “O diabetes assusta pelas complicações crônicas quando não controlado: complicações renais, oculares, neurológicas e aumento do risco cardiovascular”, explica.

Pandemia X Diabetes

Na análise da endocrinologista, a própria pandemia de Covid-19 contribuiu para o aumento deste número. O fechamento de parques, academias de ginástica e outras áreas de lazer, o sedentarismo do trabalho remoto e o isolamento social foram fatores importantes.

“A própria infecção pela Covid-19 vem sendo estudada como suspeita de aumentar o número de pessoas com diabetes, seja do tipo 1, insulino dependente, por aumentar a imunidade contra o pâncreas, seja do tipo 2, por aumentar a dificuldade da ação da insulina, aumentando a glicose sanguínea”, afirma. “Pesquisas em universidades na Alemanha, EUA e Inglaterra tentam elucidar se o aumento de prevalência de pessoas com diabetes associado a quadros desta infecção são transitórios ou permanentes”, complementa.

A Dra. Lilian Kanda destaca que, em um período de 15 anos, houve um aumento do número de pessoas com excesso de peso. “Ou seja, dois conhecidos fatores de risco para o diabetes também aumentaram na população: excesso de peso e obesidade”.

População feminina X diabetes

“Na divisão por sexo, a pesquisa mostra que as mulheres tradicionalmente apresentam mais diagnósticos da doença. O número de casos registrados de diabetes na população feminina passou de 6,4% em 2006 para 9,61% em 2021”, observa Dra. Lilian Kanda. Entre os homens, prossegue, o avanço dos casos passou de 4,7% para 8,58%. “As mulheres têm mais diagnóstico da doença, tanto por terem uma frequência maior em exames e consultas médicas como por praticarem, em geral, menos atividade física do que os homens”, pontua.

Ainda segundo a mestre em diabetes e diabetes gestacional, o diabetes é um fator de risco para doenças do coração, mas para mulheres a condição leva a maiores problemas do que para os homens. “A estatística comprova que mulheres com diabetes têm duas vezes maior risco de doenças do coração do que os homens, além de infarto do miocárdio mais precocemente – e isso pode ser fatal”.

Segundo ela, as mulheres devem ter cuidado em administrar seus níveis glicêmicos em diversas situações, já que alterações glicêmicas durante o uso de anticoncepcionais, períodos de tensão pré-menstrual, gestação – diabetes gestacional e pré-gestacional -, menopausa, infecções urinárias de repetição são desafios a serem superados.

Mapeamento e aconselhamento são essenciais para a prevenção

A Dra. Lilian Kanda destaca que há pessoas com mais fatores de risco para o diabetes: indivíduos com diagnóstico de pré-diabetes, com obesidade ou sobrepeso, histórico familiar importante para diabetes, mulheres com histórico de diabetes gestacional e sedentários. 

“Antes de evoluir para o diabetes, muitas pessoas apresentam o pré-diabetes, ou seja, seus níveis de glicose no sangue são maiores do que o normal, mas não o suficiente para o diagnóstico. Nos EUA, existem 96 milhões de adultos nesta condição, embora a maioria desconheça. O pré-diabetes pode ser revertido”, afirma.

Diante disso, segundo a especialista, o mapeamento e o aconselhamento de pessoas com risco maior de progressão para o diabetes com exames  e consultas médicas rotineiras é importante. O incentivo a modificações no estilo de vida, mesmo que pequenas, com redução da obesidade e do sobrepeso, orientações sobre uma dieta pobre em carboidratos de absorção rápida, sucos industrializados e refrigerantes, ultraprocessados e alimentos fast-food é adequado.

“O aumento do consumo de hortaliças e grãos integrais e a atividade física regular, com mais de 150 minutos por semana, deve ser incentivado. Assim, com mudanças no hábito alimentar e de vida, podemos tentar controlar a progressão do número de afetados pela doença”, finaliza.

Para mais informações, basta acessar: www.liliankanda.com.br