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Alívio de dor na coluna pode passar pela perda de peso

Alívio de dor na coluna pode passar pela perda de peso
Alívio de dor na coluna pode passar pela perda de peso

Mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo, segundo um estudo conduzido pelo consórcio internacional NCD-Risc com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além de um maior risco de desenvolver doenças como diabetes, hipertensão e certos tipos de câncer, pacientes obesos também relatam frequentemente dores na coluna.

A lombalgia (dor na região lombar) é um dos quadros mais comuns ligados à obesidade. O excesso de peso na região abdominal altera o centro de gravidade corporal e sobrecarrega a coluna, explica Pedro Correa, médico ortopedista especializado em cirurgia da coluna no Instituto Medicina em Foco.

Há ainda a herniação discal (hérnia de disco agravada pela pressão constante sobre os discos intervertebrais), a degeneração discal precoce (quando o sobrepeso acelera o desgaste dos discos da coluna), a ciatalgia (compressão do nervo ciático) e dor cervical (menos comum, mas ocorre em pacientes com obesidade e má postura crônica).

“De forma geral, o excesso de peso sobrecarrega a musculatura paravertebral, discos intervertebrais e articulações, acelerando o desgaste estrutural e provocando dores persistentes. Muitos chegam ao consultório já com limitação para andar ou para exercer suas atividades profissionais”, relata Correa.

Tratamentos e intervenções possíveis

Segundo o ortopedista, muitos pacientes tentam inicialmente terapias como bloqueios na coluna com anestésicos e corticoides, que promovem alívio momentâneo, mas não resolvem o fator de base. Isto é, o excesso de carga sobre a coluna vertebral. Em casos mais graves, cogita-se a cirurgia de coluna — um procedimento complexo e com riscos acentuados em pessoas com obesidade, diz o médico.

“Operar a coluna em pacientes com obesidade aumenta o risco de complicações pós-operatórias, infecções e falha dos implantes. Além disso, o alívio da dor é muitas vezes temporário se o peso corporal não for reduzido”, afirma Correa, médico especializado nesse tipo de procedimento.

Rodrigo Barbosa, cirurgião digestivo especialista em cirurgia bariátrica e coloproctologia, afirma que tratar a obesidade antes ou durante o manejo das dores na coluna aumenta significativamente a resposta aos tratamentos convencionais (como fisioterapia, acupuntura, medicações e cirurgias ortopédicas).

Isso porque os tratamentos tradicionais acabam encontrando resistência, como limitação física para exercícios terapêuticos devido ao peso do paciente; menor resposta a medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios (estado inflamatório da obesidade reduz a eficácia de diversas terapias); barreiras emocionais, como baixa autoestima e depressão, comuns em pessoas com obesidade. 

“Uma grande parte de pacientes com dor lombar crônica relata alívio após a cirurgia bariátrica. A mobilidade melhora, a dor diminui, e muitos até não precisam mais recorrer ao uso de medicamentos crônicos”, afirma Barbosa, que integra o time multidisciplinar do Instituto Medicina em Foco.

Barbosa ressalta que a dor na coluna não deve ser tratada de forma isolada. “É fundamental investigar os fatores que estão perpetuando essa dor — e a obesidade é, sem dúvida, um dos principais. Quando cuidamos da raiz do problema, como o excesso de peso, abrimos caminho para que os tratamentos funcionem melhor e tragam mais qualidade de vida ao paciente”, sinaliza.

Os dois médicos reforçam a importância de hábitos saudáveis para evitar o excesso de peso e, consequentemente, prevenir possíveis dores na coluna. 

Dr. Pedro Correa pontua que, em muitos casos, são indicados tratamentos paliativos como bloqueios na coluna, que utilizam anestésicos e corticóides para aliviar a dor. “Esses procedimentos são, em geral, cobertos por planos de saúde e podem ajudar em momentos de crise”, afirma. No entanto, ele alerta que, sem o controle do peso corporal, essas abordagens tendem a ser temporárias e menos eficazes a longo prazo.

Entre as práticas que devem fazer parte da rotina da população, de acordo com os médicos, estão uma alimentação equilibrada, atividades físicas, sono de qualidade e ir ao médico regularmente – acompanhar peso, índice de massa corporal (IMC), colesterol e outros indicadores ajuda na prevenção e no diagnóstico precoce de problemas relacionados ao ganho de peso.

Barbosa e Correa fazem a ressalva de que decisões sobre uso de medicamentos, tratamentos e cirurgias devem passar, obrigatoriamente, por um médico especialista, que fará a análise de cada caso.

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