Propaganda

Com o aumento das vagas internacionais após a pandemia e a alta do dólar, profissionais brasileiros têm aproveitado o trabalho remoto para conquistar salários no exterior e alcançar maior reconhecimento. 

O Relatório Global de Contratações Internacionais da Deel, companhia global em gestão de pessoas e folha de pagamento, aponta que a contratação de talentos brasileiros por empresas internacionais cresceu 46% no ano passado, de acordo com a publicação da GauchaZH. Quando conseguem a posição, os brasileiros chegam a ultrapassar os R$ 50 mil por mês. Especialistas apontam que inglês técnico, networking e treinamento para entrevistas são fundamentais para alcançar esses valores.

Qualificação técnica e comunicação são diferenciais no exterior

Para Hugo Santos – CEO do Programador de Sucesso (PDS), o domínio técnico dos brasileiros é valorizado, mas não basta para garantir uma vaga internacional. “Muitos profissionais de TI dominam o inglês técnico, mas enfrentam dificuldades na hora de se comunicar verbalmente”, observa ele. Para o especialista, existe uma discrepância entre o que o mercado pede, que é conversação em inglês, e o que se prega como essencial, com excesso de atenção à gramática. 

Desenvolvedor e autor do livro “O Programador de Sucesso”, Santos destaca a importância da qualificação técnica e de habilidades de comunicação para garantir competitividade no mercado estrangeiro. Além do inglês técnico, ele aponta que o “business English” é cada vez mais requisitado. “Seja para relatar o progresso de projetos, fazer apresentações e interagir com equipes, é necessário ser desenvolto”, afirma. Matheus, desenvolvedor sênior que começou a trabalhar internacionalmente em 2023, endossa a perspectiva: “Em times internacionais, as reuniões são curtas e objetivas, sem desviar para assuntos pessoais, como muitas vezes ocorre no Brasil”.

Eduardo Felisberto, gerente de talentos da Cumorah Academy, com sede na República Tcheca, relata que a busca por profissionais brasileiros é uma crescente. O que destaca os brasileiros, segundo ele, é a simpatia e a habilidade em atendimento ao cliente e vendas. “Empresas internacionais valorizam o carisma do profissional brasileiro, especialmente para posições de customer service”, diz Felisberto. 

“O que vemos na Cumorah é que cerca de 70 a 80% dos brasileiros que trabalham para empresas internacionais têm desempenho positivo e se desenvolvem”. E apesar da rotina e dinâmicas, como o pagamento por hora, e não por mês serem diferentes, ele aponta que não é uma mudança impossível: “A adaptação pode ser um desafio para alguns, mas, no geral, eles se destacam pela flexibilidade e resultados entregues”.

Salários e valores são até 100% maiores que no Brasil

O salário de um programador sênior (de dez a doze anos de experiência) no Brasil gira em torno de R$ 10 mil a R$ 12 mil, segundo dados da plataforma Glassdoor. Já no exterior, vagas remotas para desenvolvedores brasileiros oferecem uma base de US$ 5 mil mensais (cerca de R$ 25 mil a R$ 30 mil). Os valores consideram a cotação de U$1 = R$5, base de cálculo do primeiro semestre de 2024.

De acordo com Santos, uma vaga internacional não se conquista apenas com habilidades técnicas. O tempo de experiência na área também pesa. “O mercado internacional não favorece o iniciante, mas um programador pleno ou sênior pode conquistar salários iniciais de US$ 5 mil, podendo chegar a US$ 20 mil com o passar dos anos”, afirma. Ele ressalta ainda que os brasileiros são competitivos em relação a profissionais de outros países, como Índia, pois superam barreiras como fuso horário e diferenças culturais. 

Processos seletivos possuem método para serem aprovados

Após mais de 200 entrevistas relatadas, Santos afirma que os processos podem ser divididos nas seguintes fases: a) Filtragem Inicial (que envolve a análise de CV, Linkedin ou Cover Letter, b) Entrevista com o departamento de Recursos Humanos, c) Teste Técnico e d) Negociação salarial. “O domínio do inglês”, ele continua, “de processos seletivos e a construção de um bom networking são essenciais para que brasileiros consigam se destacar em seleções internacionais”.

A CEO da escola de idiomas LET’S GO FAR, Ianka Cavalcante, afirma que a demanda por capacitação em inglês para contextos específicos, como o técnico e o de negócios, cresceu significativamente em 2023 e 2024. “Profissionais de TI precisam não só do inglês técnico, mas também de expressões de negócios e clareza ao relatar projetos em inglês”, comenta ela. 

A abordagem de cursos como esse foca no ensino voltado para entrevistas de emprego, interação com clientes e uso diário do inglês em reuniões. “Processos seletivos internacionais são como o Enem. É preciso estudar e treinar bastante para ser aprovado. Eles geralmente são divididos em 4 fases e quando você as domina começa a passar em vários”, afirma.