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O desempenho da economia em 2024 surpreendeu positivamente, com o crescimento superando amplamente as expectativas iniciais. As projeções apontam para um avanço acima de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), bem acima da estimativa de pouco mais de 1,5% feita no começo de janeiro pelo mercado.

Este notável resultado tem a marca da retomada da indústria de transformação. O setor industrial não só apresentou uma recuperação significativa como, no período de janeiro a novembro, puxou as exportações brasileiras. A expectativa dos especialistas é que a indústria encerre 2024 com o PIB do setor crescendo em torno de 3,5%.

“A redução das taxas de juros ao longo do ano favoreceu a indústria de transformação, que é altamente dependente da disponibilidade de crédito na economia”, pontua José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho de Administração da Colpar Brasil, grupo que atua em diversos segmentos industriais e do agronegócio.

O avanço da indústria foi impulsionado especialmente pelos setores de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos, e de bens de capital, que representa os investimentos empresariais em máquinas e equipamentos.

O aumento da renda das famílias e a expansão do crédito foram decisivos para essa recuperação. O aquecimento do mercado de trabalho e a massa salarial crescendo foram determinantes para o maior consumo.  O desemprego alcançou taxas mínimas históricas (6,2%), com 103,6 milhões de pessoas ocupadas. São números recordes desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012.

Desafios relevantes, porém, também permearam 2024. “Indicadores econômicos importantes como inflação, juros e câmbio tiveram resultado bem piores do que o esperado”, lembra José Roberto Colnaghi. A inflação acumulada em 12 meses atingiu 4,89% em novembro. Estima-se que a inflação oficial, termine próximo a este percentual. No início do ano, o índice estava abaixo de 4%.

Da mesma forma, no início de 2024, a expectativa do mercado era de uma taxa Selic por volta de 9%. Os juros estão hoje em 12,25% e têm altas contratadas para as próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O dólar, por sua vez, começou o ano abaixo de R$ 5 e já ultrapassou a barreira dos R$ 6, o que também alimenta a inflação.

Os dados negativos se explicam em função da preocupação dos agentes econômicos com a situação fiscal do país. A dívida pública brasileira segue em trajetória ascendente, se aproximando de 80% do PIB, considerando os três poderes da União, estados e municípios e a expectativa é que continue crescendo a curto prazo.

No apagar das luzes do ano, o governo apresentou ao Congresso Nacional um pacote fiscal estimado em R$ 70 bilhões, em uma tentativa de conter o crescimento do gasto público e tirar o país do risco de uma subida explosiva da dívida. “Este é um tema recorrente para o Brasil e só terá solução se houver uma abordagem estrutural para esta questão, revendo a rigidez do orçamento e melhorando a eficiência do Estado”, finaliza José Roberto Colnaghi.