Propaganda

Uma pesquisa divulgada em 11 de novembro, conduzida pelo hospital A.C.Camargo em parceria com a Nexus, revelou alguns dados sobre o desconhecimento e o preconceito em relação ao câncer de próstata no Brasil. O estudo apontou que 30% dos homens entrevistados nunca realizaram e nem pretendem realizar o exame de toque retal. Além disso, 44% não têm conhecimento sobre os métodos de prevenção da doença, que vitimou cerca de 47 homens por dia no último ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia.

Diante desses números, o coordenador do curso de Enfermagem do Centro Universitário FAEP, professor e enfermeiro Alessandro Alencastro, destaca que o preconceito é o maior obstáculo na conscientização masculina sobre a importância do diagnóstico precoce. “Os tabus culturais em torno do exame de toque retal continuam sendo os maiores fantasmas que assombram os homens. É preciso desmistificar esses conceitos para salvar vidas”, afirma.

O Novembro Azul, criado na Austrália em 1999 e adotado no Brasil em 2003, tem se consolidado como um movimento de conscientização sobre a saúde masculina. Durante o mês, prédios, pontes e monumentos ganham iluminação azul para reforçar a mensagem de prevenção. Alencastro enfatiza que empresas e instituições de saúde podem desempenhar um papel crucial nesse processo. “Incluir exames relacionados ao câncer de próstata no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) seria um grande avanço. Além disso, as instituições de saúde precisam desenvolver campanhas mais atrativas para conscientizar o público-alvo”, sugere.

A ciência tem proporcionado avanços significativos no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata. Segundo Alencastro, ferramentas como inteligência artificial (IA), biópsias de alta precisão, cirurgias minimamente invasivas e terapias-alvo são recursos que aumentam as chances de cura. “No entanto, toda essa inovação será inútil se não superarmos o preconceito e promovermos a busca pelo diagnóstico precoce”, alerta.

O professor esclarece que ainda existem muitos mitos em torno do câncer de próstata. “Há a falsa ideia de que essa é uma doença exclusiva da terceira idade ou de que o exame de PSA pode substituir o toque retal. Esses conceitos precisam ser combatidos com informação”, ressalta. Ele destaca ainda que, a partir dos 45 anos, exames como PSA e toque retal devem ser inseridos no calendário periódico, principalmente para homens negros, com histórico familiar da doença ou que apresentem fatores de risco. “O PSA mede as concentrações de antígeno prostático no sangue, mas o toque retal é indispensável para um diagnóstico mais preciso. Quanto mais precoce for feito o diagnóstico, maiores são as chances de cura e tratamento”, afirma.

O apoio da família e do círculo social também é fundamental para incentivar os homens a realizarem exames preventivos. “A família é o maior aliado na quebra de tabus e pode ajudar a desmistificar o exame de toque retal, participando ativamente nas consultas e estimulando o cuidado com a saúde”, explica o professor.

Além de exames regulares, o estilo de vida desempenha um papel importante na prevenção do câncer de próstata. Alimentação balanceada, prática de atividades físicas e a redução do consumo de álcool e cigarro são medidas que contribuem para minimizar os fatores de risco.

Nesse contexto, as campanhas do Novembro Azul também têm buscado alcançar os jovens, destacando os impactos futuros de hábitos não saudáveis. “É importante conscientizar os jovens de que comportamentos como o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool e drogas podem trazer prejuízos à saúde a longo prazo”, pontua Alencastro.

Além disso, a saúde mental masculina tem ganhado espaço nas discussões. “Precisamos fornecer suporte e recursos psicológicos, desmistificando o preconceito e reforçando que a busca por ajuda é um ato de cuidado consigo mesmo”, reforça o professor.

“O Novembro Azul é mais do que um movimento de conscientização; é uma oportunidade para refletir sobre como os preconceitos e os tabus culturais ainda colocam em risco a saúde masculina. Superar essas barreiras é essencial para reduzir as estatísticas e salvar vidas”, conclui.