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O Dia Nacional do Idoso, instituído em 1º de outubro, serve para lembrar também que o grupo populacional que mais cresce no país, segundo o Censo do IBGE de 2022, é o das pessoas com 80 anos ou mais, que já somam 4,6 milhões. Esse crescimento vertiginoso promove uma série de impactos sociais, econômicos, políticos e na maneira como os profissionais de saúde deverão se preparar para lidar com esse cenário.

A fim de contribuir para a divulgação de informações aos profissionais de saúde envolvidos no cuidado desses pacientes, o Comitê de Geriatria e Gerontologia da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), com participação do Comitê de Nutrição, lança no dia 01/10 a cartilha gratuita “Cuidados Paliativos e Fragilidade”.

O material é coordenado pela médica Ana Luisa Rugani Barcellos, especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), em Medicina Paliativa pela AMB e coordenadora do Comitê de Geriatria e Gerontologia da ANCP, com a colaboração de outros profissionais.

“Esta cartilha visa a trazer à luz da abordagem paliativa o conceito e a importância de se conhecer e diagnosticar a Síndrome de Fragilidade nas pessoas idosas em acompanhamento por profissionais de saúde. Compreender suas necessidades, especialmente as que estão chegando ao fim da vida, é fundamental para que possam receber os cuidados adequados”, diz a médica.

A Síndrome de Fragilidade é uma condição associada ao envelhecimento que se caracteriza pela deterioração da capacidade fisiológica de órgãos e sistemas. Segundo a especialista, pacientes frágeis formam um grupo heterogêneo, com evoluções clínicas distintas, declínios funcionais muitas vezes imprevisíveis e que podem ter um reconhecimento difícil da sua finitude. “É importante entender que a fragilidade, por si só, pode ser um definidor de mau prognóstico. Neste caso, a pessoa idosa não precisa ter o diagnóstico de uma doença específica grave e ameaçadora da vida para ser elegível aos cuidados paliativos”, orienta.

O estudo da Síndrome da Fragilidade se deu em torno da década de 70 e hoje, pelos avanços, os profissionais de saúde dispõem de parâmetros objetivos para avaliar a fragilidade e a pré-fragilidade. A ferramenta mais comumente utilizada para avaliar a fragilidade de idosos é o Fenótipo de Fragilidade de Fried, que se baseia em cinco critérios: perda de peso não intencional; exaustão, avaliada por autorrelato de fadiga; diminuição da força de preensão manual; baixo nível de atividade física e diminuição da velocidade de caminhada.

A classificação do fenótipo é feita da seguinte forma: o idoso frágil é aquele que apresenta três ou mais desses componentes. Já o idoso pré-frágil apresenta um ou dois componentes e o idoso não-frágil não apresenta nenhum componente.

“Como se vê, a Síndrome é gerada por uma série de eventos fisiopatológicos e multimorbidades que ocasionam um estado de vulnerabilidade e menor capacidade de adaptação a eventos estressores. Isto leva, consequentemente, à limitação prognóstica, aumento da mortalidade e aumento do risco de sofrimento. Por isso, a importância de se reconhecer os pacientes frágeis como elegíveis para receberem cuidados paliativos”, diz a especialista.

“A fragilidade gera necessidades específicas de cuidados físicos e apoio psicossocial no fim da vida. Por isso, reunimos neste manual conceitos, instrumentos de avaliação e informações importantes para que possamos, com o olhar multiprofissional, abordar e tratar estas pessoas, promovendo um cuidado holístico e atento às suas necessidades”, completa a coordenadora do Comitê de Geriatria e Gerontologia da ANCP.

A cartilha é gratuita e está disponível para download no link: https://paliativo.org.br/wp-content/uploads/2024/09/Cartilha_ANCP_Cuidados-Paliativos-e-Fragilidade.pdf