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Como o ChatGPT e tecnologias semelhantes ganharam destaque nas salas de aula do ensino fundamental e médio, o mesmo aconteceu com as ferramentas de detecção de IA. A maioria dos professores já usou um programa de detecção de IA para avaliar se o trabalho de um aluno foi concluído com a ajuda de IA generativa, de acordo com uma nova pesquisa com educadores realizada pelo Center for Democracy & Technology.
O estudo envolveu 460 professores de escolas públicas do 6º ao 12º ano em dezembro do ano passado nos Estados Unidos. E as estatísticas dão conta de outros avanços no uso da tecnologia em ambiente escolar.

A maioria dos professores – 59% – acredita que seus alunos estão usando produtos de IA generativa para fins escolares. Enquanto isso, 83% dos professores afirmam que já usaram o ChatGPT ou produtos semelhantes para uso pessoal ou escolar, o que representa um aumento de 32 pontos percentuais desde que o Center for Democracy & Technology pesquisou os professores no ano passado.

A pesquisa também constatou que as escolas estão se adaptando a essa nova tecnologia. Mais de 8 em cada 10 professores afirmam que suas escolas agora têm políticas que definem se as ferramentas de IA generativa são permitidas ou proibidas e que eles receberam treinamento sobre essas políticas, uma mudança drástica em relação ao ano passado, quando muitas escolas ainda estavam lutando contra uma tecnologia que pode escrever redações e resolver problemas complexos de matemática para os alunos.

Nesse cenário, quase três quartos dos professores afirmam que suas escolas lhes pediram informações sobre o desenvolvimento de políticas e procedimentos relacionados ao uso da IA generativa pelos alunos.

De modo geral, os professores deram boas notas às suas escolas quando se trata de responder aos desafios criados pelos alunos que usam IA generativa – 73% dos professores disseram que suas escolas e distritos estão fazendo um bom trabalho para adaptar-se ao uso crescente de IA.

Implicações

Segundo o especialista brasileiro em Tecnologia, IA e Educação Fernando Giannini, a adaptação é positiva e também dá sinais no Brasil. O acerto ocorre sobretudo quando esse ajuste leva em conta o maior entendimento da comunidade escolar sobre como a IA funciona e sobre quais os riscos implicados na sua disseminação no ambiente escolar.

“Um deles diz respeito exatamente às injustiças possivelmente cometidas, quando um professor ‘pega’ um aluno utilizando IA generativa de modo não autorizado nas tarefas”, destaca, sobre o dado que sugere maior uso das ferramentas de detecção pelos professores.

Giannini explica que as ferramentas de detecção não são precisas. Da mesma forma que inteligências artificiais também “alucinam”, fabricando dados imprecisos e falsos em uma transcrição, por exemplo. “O que preocupa, por outro lado, quando o caso é o uso indiscriminado por alunos sem a menor noção de como a IA funciona e de como aprimorar os resultados obtidos a partir da ferramenta.”

É preciso, também, segundo o especialista, entender que a IA não é só um auxílio em tarefas de alunos e planos de aula de professores. “É uma ferramenta que pode ser utilizada de maneira a ampliar o conhecimento e o desenvolvimento acadêmico e pessoal de seus usuários e esse é um potencial pouquíssimo explorado, mesmo em um ambiente de aprendizagem”, pontua Giannini. Um programa interdisciplinar de aprendizagem poderia ser desenvolvido utilizando princípios computacionais utilizados pela IA, em uma metodologia ativa de ensino, por exemplo.