Superar um trauma é um processo individual e complexo que exige tempo, paciência e esforço. Segundo Superar um trauma é um processo individual e complexo que exige tempo, paciência e esforço. A Pesquisa Nacional de Saúde Infantil, realizada pela HRSA Maternal Child Health revelou que uma em cada três crianças terá pela menos uma experiência estressante ou traumática na infância, incluindo experiências como o divórcio dos pais ou ter um membro da família envolvido com problemas relacionados a drogas ou álcool. Esse resquício, em muitas vezes se estende para a vida adulta.
Não existe uma fórmula mágica ou um caminho único para a cura, no entanto alguns recursos podem ajudar a passar por essa fase e seguir em frente, o autoconhecimento é um deles. Heloísa Capelas, uma das maiores especialistas em autoconhecimento do país, reflete mais sobre a melhor forma de seguir adiante depois de uma situação traumática.
Como o autoconhecimento colabora para lidar com os traumas?
O autoconhecimento colabora em todas as áreas da nossa vida, inclusive com relação aos traumas, porque ele nos traz uma melhora na autoestima, segurança para viver, autoamor e isso faz com que a gente consiga ampliar a resiliência, aceitação dos acontecimentos, das intempéries, dos acidentes, das dores, das tragédias que acontecem em nossas vidas.
Qual é a melhor forma de lidar com eles?
Com o autoconhecimento nós descobrimos que temos todos os recursos para superar qualquer tipo de dificuldade, com segurança, determinação e principalmente com muita compaixão por si mesma, que não tem nada a ver em entrar no papel de vítima e sim de protagonista.
É preciso viver o luto, chorar e sentir aquela dor e depois, com muito amor por si mesmo, respirar e pensar: O que eu faço com isso? Quais ferramentas internas tenho que acessar para depois de vivenciar a dor, conseguir retomar e me reerguer? A partir daí vem um movimento de reconstrução. O autoconhecimento é extremamente poderoso, porque nós seres humanos somos poderosos e se reconhecermos e conhecermos essa fortaleza, conseguiremos passar pelos traumas e superá-los.
Existe algum tipo de trauma que seja mais difícil de ser tratado? Nesses casos mais complexos, como lidar?
Existem traumas que são muito mais complexos e destruidores, não só a morte de um ente querido que, segundo os estudiosos, é uma das piores dores do ser humano, mas a perda de bens materiais e outras situações em que só as pessoas envolvidas são capazes de relatar como isso as impacta.
São variantes de dores que não tem como dimensionar, só consegue entender quem passou por ela. É preciso muita resiliência e firmeza na hora de curar esse trauma. Mas, em todos os casos, remediá-la é possível com muito amor. O perdão é fundamental nesse contexto. Exercitá-lo para pessoas e acontecimentos é uma missão que devemos assumir para abandonar aquilo que aconteceu e seguir em frente.
No caso do RS, como as pessoas podem lidar com aquele tipo de trauma? Quais marcas ficam em uma situação como essa e como superá-las?
Quem passa por um trauma, vai carregar para sempre cicatrizes que podem ser psíquicas, físicas ou ambas. No entanto, é preciso seguir em frente e isso pode ser feito de diversas maneiras e, sem dúvida, o autoconhecimento é uma delas já que possibilita que encontremos em nós mesmos uma força incrivelmente potente para nos manter de pé nas adversidades. O perdão é um passo importante que as pessoas traumatizadas precisam dar; pois anula a necessidade de encontrar culpados, de fazer vingança ou de se entregar ao grande abatimento que essas situações trazem. Essa inteligência emocional nos dá a oportunidade de acolhermos nossa dor que é legítima, mas nos prepara para darmos passos adiante da melhor forma que conseguirmos; dando o nosso melhor. Estar com pessoas que amamos, fazendo coisas que gostamos; tudo que nos dê pequenos prazeres e que nos faça sentir acolhidos precisa ser prioridade nesse momento difícil e sem autoconhecimento, muitas vezes, nos fechamos para tudo isso, prorrogando a intensidade da nossa dor.
Como ser feliz depois de um grande trauma?
Nós somos seres relacionais, sendo assim é impossível passar por traumas sozinho. Quanto mais nos relacionarmos, mais rápido saímos do trauma. Essas conexões são extremamente importantes, o apoio social é fundamental para essa recuperação. Vale ressaltar que durante esse processo de cura, o autocuidado e a saúde física e mental também devem ser vistos com bastante atenção. Vale buscar a ajuda de um profissional qualificado que possa fornecer as ferramentas e o apoio necessários para processar seu trauma e desenvolver mecanismos de enfrentamento saudáveis. A felicidade é um caminho que precisará ser percorrido dia após dia; com escolhas diárias e individuais e com uma tomada de decisão de que é preciso seguir. Um dia, uma mãe me contou que não gostava quando as pessoas diziam que ela tinha perdido o seu filho, pois apesar da distância física, ela não o perdeu, ela o encontra todos os dias em seu coração, em sua memória e em seus melhores momentos. Dizia ela que em vez de ter perdido, ela tinha ganhado, recebido a oportunidade de viver aqueles anos com ele. É uma forma de retrabalhar a engenharia dos nossos pensamentos, sentimentos e ações.
Como identificar que é a hora de procurar um profissional?
Você sabe quando é a hora de procurar ajuda de um profissional quando o seu nível de insatisfação é maior do que o de satisfação na vida. Quando você tem uma tristeza, um aborrecimento e uma chateação que perdura e que não há evolução ou perspectivas. Precisamos compreender que o autoconhecimento é um caminho que traz inúmeras respostas. Mas vale lembrar que muitas vezes no caso de um distúrbio mais grave como uma depressão, por exemplo, a ação de profissionais como psiquiatras, psicólogos e terapeutas são fundamentais. Não devemos negligenciar a nós mesmos nunca.