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O Festival Internacional Cervantino recebe o Brasil como país convidado de honra na sua 52ª edição, até 27 de outubro, na cidade mexicana de Guanajuato. A cada ano, um país é convidado para ter um espaço de destaque na programação do evento. A participação brasileira integra as celebrações da iniciativa “Ano Dual 2023-2024: presença do Brasil no México e do México no Brasil”, que marca os 190 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. 

Em praças, teatros e outros diversos espaços públicos de Guanajuato, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, o evento reúne mais de 3 mil artistas de 24 países em uma programação que contempla espetáculos de teatro, dança, música erudita e música popular, além de exibição de filmes e exposições de artes visuais e digitais. 

Artistas de 15 estados brasileiros e do Distrito Federal, como Grupo Galpão, Anhangá, Christiane Jatahy, Cláudia Abreu, Clayton Nascimento, Cia. Dos à Deux, Lenine, Xeina Barros, João Camarero, Céu e a Companhia de Dança Deborah Colker, fazem a conexão entre Brasil e México, incluindo cinema, artes visuais e música lírica. A curadoria é assinada por Jonas Klabin e Cesar Augusto, especialistas em festivais e residências artísticas.

O projeto Festival Internacional Cervantino – Programação Brasileira é uma realização do Ministério da Cultura e da APPA – Cultura & Patrimônio, apresentado pelo Nubank, e conta com a parceria institucional do Instituto Guimarães Rosa do Ministério das Relações Exteriores, além do Governo do México, por meio da Secretaria de Cultura e do Festival Internacional Cervantino, e é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Governo Federal – União e Reconstrução.

Programação brasileira

Música 

O show de encerramento une duas gerações da música brasileira: Lenine, vencedor de seis Grammys Latinos, e a banda Francisco, el Hombre, com onze anos de existência, caracterizada por misturar ritmos brasileiros e afro-latinos com o ska. Três nomes também apresentam seus mais recentes discos. Com três Grammys Latinos na bagagem, Céu chega com seu novo álbum “Novela”. Filipe Catto apresenta “Belezas são coisas acesas por dentro”, que homenageia Gal Costa e é reconhecido como um dos cinquenta melhores álbuns de 2023, segundo a APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Misturando estudos da teatralidade à criação musical, a banda Pietá vem com o álbum “Nasci no Brasil”, convidando o público a vivenciar o que significa “ser brasileiro”.

Ainda há Xeina Barros, na percussão e voz, e João Camarero, no violão sete cordas, apresentando “Baticum”, com composições de nomes como Tom Jobim, Baden Powell e Pixinguinha. Já Rosana Lamosa, soprano brasileira, homenageia em “Alma brasileira” compositores que construíram seu legado ao longo do século passado: Glauco Velásquez, Cláudio Santoro, Francisco Mignone e Heitor Villa-Lobos. A artista é acompanhada pelo pianista Pablo Rossi, indicado ao Grammy Latino. 

Como um manifesto artístico-político, a fragilidade e a crueldade de normas sociais impostas pela sociedade também são expostas no espetáculo musical “Deixe ela falar”, de Simone Mazzer. Já a apresentação do grupo Anhangá Dance Club leva as formas tradicionais de música da região norte do Brasil, integradas a estilos contemporâneos eletrônicos, a partir do trabalho musical do guitarrista Eduardo Barbosa e da guitarrista não-binária Belém de Belém.

Teatro 

Após passar por 27 cidades brasileiras, o monólogo “Virginia”, criado, produzido e interpretado por Cláudia Abreu, chega ao México. Na obra, a atriz interpreta a escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941), percorrendo sua vida marcada por tragédias pessoais e por uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. De Belo Horizonte, o Grupo Galpão apresenta “Cabaré coragem”, que explora o universo do cabaré, de Brecht à contemporaneidade, e incorpora a presença do público.

Em outro monólogo, “Macacos”, Clayton Nascimento usa apenas o próprio corpo e batom para se aprofundar na história de preconceito, exclusão e violência do racismo no Brasil. Outra obra que mergulha no tema é “Depois do silêncio”, da cineasta e diretora teatral brasileira Christiane Jatahy. A peça  se desenvolve em torno da história de Torto Arado (2019), romance de Itamar Vieira Junior, para abordar como a história da escravidão continua afetando a vida das pessoas.

A Fábrica de Eventos aborda afeto e sexualidade em “Meu corpo está aqui”. Na peça, atores e atrizes PCDs ocupam o palco falando sobre seus relacionamentos, seus corpos e seus desejos. Já a Cia Os Buriti traz uma linguagem poética voltada para todas as idades no espetáculo “À beira do sol”, brincando com a fronteira entre realidade e imaginação.

Julio Adrião protagoniza o espetáculo “A descoberta das Américas”, baseado no texto homônimo do escritor italiano Dario Fo. O monólogo é um dos maiores sucessos da primeira década do século XXI e permanece nos palcos mundiais há quase vinte anos. O grupo Clowns de Shakespeare parte da obra clássica “Ubu Rei”, de Alfred Jarry, de 1888. “Ubu: o que é bom deve continuar!” é concebido como uma possível continuação da obra do autor, com ares latino-americanos. 

Dança 

Comemorando trinta anos de atividade, a Companhia de Dança Deborah Colker apresenta o espetáculo “Cão sem plumas”, baseado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto (1920-1999). 

Cinema

Na Universidade de Guanajuato, obras da cinematografia brasileira, que contam sobre a história e cultura do país, serão exibidas: “Ó pai, ó”, “Ziraldo: era uma vez um menino”, “A queda do céu”, “Jogo de cena”, “Carandiru”, “Madame Satã”, “O menino e o mundo”, “Nada”, “Vaga carne”, “Tropa de elite”, “A máquina do desejo”, “Cidade de Deus”, “Dois filhos de Francisco”, “A falta que nos move”, “As Cadeiras”, “U’yra: a retomada da floresta”, “Moscou” e “Paloma”.